domingo, 20 de maio de 2012

A sentença de morte no futebol

                                                   Isso tudo foi causado pelo pênalti!

O pênalti é uma das coisas que fazem o futebol ser o esporte mais apreciado. Não é à toa que Nelson Rodrigues dizia que é tão importante que deveria ser batido pelo presidente do clube. Ontem eu estava assistindo a Globo da vida entrevistando alguns desportistas tentando forçar a barra pra comparar o pênalti a outros momentos vitais dos demais esportes.
Foi realmente uma piada de mau gosto. É que o pênalti não tem comparação com um saque no tênis, com o pulo de obstáculo no hipismo e nem sequer com a cobrança de faltas do garrafão no basquete. Nesse caso é porque dezenas destas ocorrem durante a partida o que faz perder a emoção única do pênalti do futebol.
                                        Não adianta procurar na regra não tem escapatória!

O pênalti no futebol é uma sentença de morte. A diferença é que esta pode não ser executada se o carrasco falha. Aí fica tudo por isso mesmo. Ontem eu convivi com essa curiosa sentença. Mas não estou falando do badalado Bayern Munich e Chelsea, mas de Vitória e Barueri que marcava a estreia do leão na Segundona. Não esqueço o ano passado quando deixamos de subir por apenas um ponto, e na última rodada.
Tudo bem que vocês vão dizer que é coisa de fanático, mas baiano que se preza é assim mesmo. Imaginem que a partir de maio eu esqueço o Santos, o Flamengo, o Corinthians, a Libertadores, pra só assistir “jogões de bola” como Joinville X Asa de Arapiraca, Criciúma X CRB, e outros do tipo. Foi por isso que nem dei bola pro confronto entre alemães e ingleses.
                                               O leão se coçou mas passou a primeira"

Torcedor do Vitória só tem um objetivo esse ano. Não é promoção no trabalho, ter filhos, casar ou comprar apartamento, é botar o leão pra subir. Pra isso vale qualquer sacrifício. Pra quem não sabe agente gasta uma grana danada com o futebol. Minha mulher fez as contas e anda reclamando. É que eu sou associado ao programa Sou mais Vitória e emplaquei logo o carnê mais caro, o ouro de 720 mangos, que dá direito a sentar nas cadeiras durante um ano sem pagar mais nada.
De quebra, ainda tenho que comprar o canal fechado pra ver todos os jogos, quero dizer, assistir aos do meu querido rubro negro e azarar os demais clubes. São mais 800 paus. Ela está contando ainda as 19 idas ao estádio pra assistir as partidas do Brasileirão. Ainda bem que vou com meu vizinho, o Carlos Bride, mas sai dinheiro pro estacionamento, lanche, agua, etc. Na conta dela a campanha Bote fé no leão lá em casa não custa menos do que dois mil reais por ano.

Bem, mas voltemos ao grande jogo Vitória e Barueri. Confesso que eu liguei o canal 126 preocupado. O time ia jogar com o terceiro goleiro e contratou um técnico meia boca, Paulo Cesar Carpegiani, que ia dividir o seu tempo entre o Vitória e a Seleção do Paraguai. Minha mulher até pensou que ele ia trazer alguns jogadores de contrabando.
E o pior foi quando começou o jogo, pois não se via o técnico e quem estava lá era o conhecido Ricardo Silva. Sim, é bem verdade que tinha o filho de Carpegiani. Mas, como é esse negócio Alexi Portela, contratamos o filho ou o pai? Eu fiquei uns bons minutos perguntando aos meus botões:
- Será que perdeu o voo? Que já viajou pro Paraguai?
Só quando a TV o mostrou escondido em uma dessas cabines de imprensa que eu fiquei mais tranquilo. Afinal de contas temos técnico.
                                              Quando é pênalti pode preparar a mortalha!

O Barueri não parecia meter muito medo. Afinal, ia estrear um monte de jogadores, o que compromete o conjunto. Mas sabem como é né, no futebol acontece de tudo! Ainda mais que contava com o experiente Ronaldo Angelim (ex-Flamengo e outros clubes) como zagueiro. O campo, além disso, era muito bom pra quem sabe jogar futebol. Tomara que esse seja o nosso caso.
A escalação do Vitória era (quase) o melhor que temos, com exceção do goleiro Gustavo e de Gabriel “quebrando o galho” na lateral direita.  E logo no início essa impressão se confirmou. Conseguimos correr uns cinco minutos e a bola ficou de um lado a outro do campo do adversário, mas depois o time passou a esperar o Barueri lá atrás cedendo a iniciativa pro adversário.
                                      Nem a queda do Zepellin se compara ao pênalti!

A situação durou uns quinze minutos, embora não tenha tido risco de gol, e depois a iniciativa dos times foi revezando em ruindade até o fim do primeiro tempo. O jogo ficou cozinhado no meio de campo e nem o Vitória nem o Barueri partiam pra cima, fazendo com que não houvesse, praticamente, chute a gol, a exceção de uma solitária cobrança de falta aos 34 minutos que Gustavo espalmou bem. Ô Alexi, será que o menino é o único que sabe espalmar pros lados? Porque esses Douglas e Renan que você arranjou só espalmam para a frente, bem nos pés dos adversários.
O Vitória só tinha uma jogada, passar a bola pra Neto Baiano resolver. Só que este estava isolado lá na frente, enquanto Marquinhos caía pelas pontas e Tartá jogava lá atrás como volante. Quanto aos alas nem é bom falar. Gabriel não tem o menor cacoete pra função e, do outro lado, Saci conseguia ser pior do que o personagem do nosso folclore que, pelo menos, tem uma perna. A continuar assim, não iriamos para lugar nenhum. Do outro lado, ainda bem que o Barueri pagava pelas estreias, atuando de forma bastante desentrosada.
                                           Eu já estava arrancando os poucos cabelos!

O intervalo foi fonte de preocupação lá em casa. Minha discussão com o vizinho era como melhorar o time na segunda etapa. Ele queria tirar Pedro Ken que estava sumido da partida. Aliás isso sempre acontece quando botam ele pra jogar de volante. Eu, porém, era mais cauteloso preferindo encostar Marquinhos em Neto Baiano, colocar Tartá mais á frente, e fazer subir Saci, esperando uns quinze minutos pra ver no que dava.
Saci passou a subir mais, e até Gabriel também! Tartá até que teve mais iniciativa passando do meio de campo. Mas o diabo do Marquinhos não queria encostar mesmo em Neto. Será que Carpegiani desceu aos vestiários? Nós dois achamos que ele está ouvindo muitos conselhos e precisa dirigir o time.

    
                                                       Vai Barueri pros quintos do inferno!

As “mudanças” não foram lá grande coisa mas deu pro gasto. O time recuperou a iniciativa e ficou mais com a bola durante todo o segundo tempo. Neto chutou a primeira a gol aos quatro minutos, mas a bola foi parar em Campinas. Aos seis foi a vez de Tartá, mas deu um peteleco de fazer dó.  Depois Marquinhos chegou aos oito chutando mal. Mas, se não incomodaram o goleiro, fizeram pelo menos alguma coisa!
O Vitória insistia, chegando ainda aos 11, 16 e 17 minutos com cruzamentos de Marquinhos e de Tartá, mas os caras tiravam todas. Aos vinte e cinco minutos Tartá se tornou bastante agressivo, mas bateu fraco. Parecia que o gol estava próximo, certo? Errado pois foi o Barueri que chegou dois minutos depois marcando um gol num cruzamento. Pensei que a vaca havia ido pro brejo mas, graças a Deus, o bandeirinha anotou o impedimento.
                                           Foi uma senhora cacetada do Neto Baiano!

A partir daí a torcida lá em casa foi pra acordar Carpegiani e ele colocar sangue novo no ataque ás custas de Pedro Ken. Mas o tempo passava e necas de pitibiribas. Só aos 36 minutos é que o técnico se decidiu. Imagino como deve ser difícil esse sistema de decisão. Carpegiani telefona da cabine pra Ricardo Silva (ou será para seu filho?). Tomara que a linha esteja boa. Aí os dois vão discutir a avaliação de Carpa, e, depois que chegam os três a um acordo, ocorre a modificação.
Acho que foi por isso que só aos 36 minutos o Rildo entrou. Será que ia dar tempo de alguma coisa? Mas a entrada deste caiu em cheio sobre a já cansada defesa do Barueri. Isso é que dá botar zagueiro velho. Dois minutos depois, um deles quando viu que ia ficar pra trás, sem necessidade sapecou um empurrão no nosso valente atacante e o corajoso juiz marcou pênalti.
                         Será que foi ele quem jogou um raio no avião do presidente da França!

Ah como gritamos lá em casa! Morte ao Barueri. Pulamos, nos abraçamos, surpreendendo minha mulher que fazia as contas de casa na sala e já não esperava mais nada. Os demais vizinhos da rua também sofrem pois, nessas ocasiões, cantamos a nossa felicidade também na janela.  Mas aí caímos na real.
E se Neto repetisse o jogo contra o Botafogo? Ou aquele outro do Baianão onde escorregou e mandou a bola pra lua? Mas as preocupações ficaram esquecidas quando Neto deu uma patada que goleiro nenhum poderia pegar tirando o zero do placar. O carrasco desta vez cumpriu o veredicto. Agora era só se fechar lá atrás pra garantir o triunfo. Afinal, não era possível não levar esses três pontinhos pra casa.
                                                    Olhem a cara de Neto Baiano!

Os minutos demoravam a passar, ainda tinham seis do tempo normal mais três de desconto. Não sei por que esses juízes inventam de dar tanto desconto. Gustavo ganhou uns minutinhos preciosos fazendo “cera”, mas a cena que ficou foi a de Neto mostrando o relógio. Não é que o juiz atendeu na hora terminando o nosso sofrimento?
A alegria só não foi maior quando fomos ver a tabela e percebemos que estávamos em sexto lugar. É realmente um absurdo ganhar e não estar entre os quatro. Mas o problema é que boa parte dos favoritos ganharam, Atlético Paranaense, Bragantino, América Mineiro, e ainda sobrou para Criciúma e América de Natal. Mas não há de ser nada, continuaremos ganhando e, quando entrarmos na zona não sairemos mais.
Hoje eu nem quero pensar nisso de estar em sexto nem nas duas batalhas da próxima semana contra Curitiba e Criciúma fora de casa. Quero é tomar todas a que tenho direito por essa estreia. Imaginem que mudei até o canal pra ver esse time chinfrim do Chelsea ganhar a Copa da Europa. Realmente hoje foi o dia do pênalti e da sentença de morte do Barueri.

sábado, 12 de maio de 2012

Pânico no Brasil: BA-VI na final da Copa


                                 Os baianos estão atropelando!


Hoje a postagem é dirigida aos meus mais de cinco mil visitantes de fora do Brasil. É que uma revolução tomou conta do país esta semana. É claro que não estou falando de revolução social, pois isso não tem por aqui há muito tempo. Nem também estou falando de mudanças em benefício do povo, o que não aparece há mais tempo ainda.

Estou falando da verdadeira revolução causada pela presença de dois clubes baianos nas quartas de final da Copa do Brasil, o que não acontece desde o ano em que criaram esse torneio nacional. O Vitória até que chegou umas três vezes pertinho mas acabou caindo, e o Bahia só apareceu por lá uma vezinha. Mas os dois juntos nem pensar.


Agora se segurem os brasileiros pois os baianos estão com tudo. É certo que chegaram até aqui ás duras penas. O Vitória passou pelo famoso São Domingos, do interior de Sergipe, empatando por lá e ganhando de um magro dois a zero no Barradão. O Bahia, por sua vez, eliminou o arqui-fraquíssimo Auto Esporte da Paraíba por três a zero tornando desnecessário outro jogo.

A segunda rodada não foi muito diuferente em matéria de adversários. O Bahia pegou o Remo, que não está nem na Quarta Divisão do Brasileirão, e o Vitória emendou os bigodes com o ABC de Natal. O tricolor, no entanto, perdeu lá por dois a um e só faturou mesmo em Pituaçu por quatro a zero. Enquanto isto o meu leão penava pra eliminar o time das letrinhas.

                                 Vai pegar fogo no Brasil!


Imaginem que até aos 33 minutos do segundo tempo perdia por dois a zero. Mas aí surgiu o maior artilheiro do mundol, Neto Baiano, pra virar o jogo com três gols. É certo que dois gols foram de pênaltis mas vale o mesmo não é?

Os pessimistas de ocasião vaticinaram que das oitavas os baianos não passavam, aliás como quase sempre aconteceu. Mas qual nada!Portuguesa(SP) e Botafogo(RJ) não deram nem pra melar. O Bahia armnou uma retranca e saiu da capital paulista no zero. Depois disso foi só esperar as falhas da lusa pra ganhar em Pituaçu por dois a zero.

Já o Vitória sofreu de novo. Imaginem que empatou no Barradão com o Bota e Neto Baiano perdeu uns três gols de cara com o goleiro. O artilheiro perdeu até pênalti no Engenhão mas não deu pro antigo time de General Severiano. O meu rubro negro ganhou novamente de virada, e numa noite onde só saiu gol de jogadores do Vitória. Começou com Elkesson, recentemente vendido ao Bota, e terminou com Pedro Ken e Tartá.

             Precisou Ricardo Teixeira sair pra isso acontecer!


Agora é a vez do Curitiba e Grêmio enfrentarem os baianos. Os terreiros e as igrejas estão em polvorosa. Mas pior do que eles está todo o Brasil. Imagine que o Bahia é o maior ataque do Brasil e o Vitória tem o maior artilheiro do mundo, mnaior do que Neymar e Messi.

A imprensa carioca e paulista faz o possível para ignorar os baianos. Até o técnico Mano Mene4zes fez sacanagem não chamando ninguém que joga na Bahia para a seleção brasileira. Mas de nada vai adiantar. Já pensou se der Vitória X Bahia na final da Copa do Brasil? Vai ser a maior glória depois de D. João VI que em 1808 fez questão de entrar no Brasil pela Bahia. E olhem que não adianta dizer que isso só ocorre a cada duzentos anos! Até que enfim vão reconhecer a Bahia


terça-feira, 1 de maio de 2012

A máquina infernal



Nem pensem que vou falar sobre um novo filme de desastres de Holywood pois na verdade pretendo contar minha experiência com esta máquina infernal, o automóvel.

A primeira e única vez que tive um carro foi nos anos 80. Lembro-me perfeitamente o dia em que cheguei na casa de maínha e ela me disse que resolveu tirar uma grana das suas economias para me dar de presente um carro.

Na época fiquei alegre pensando o quanto poderia economizar em matéria de tempo de deslocamentos para a minha atividade política e no trabalho. Depois é que me lembrei que não sabia "necas de pitibiribas" de como comprar um carro. Aí não teve jeito, tive que apelar para o mano Toínho para que me ajudasse nesta ingrata missão.
                               Tem tanto meio de transporte!


O dinheiro disponibilizado  por maínha não dava pra comprar um carro zero e tive que me contentar com um de segunda mão.Acho que o mano não procurou muito pois em alguns dias já me indicava o carro que eu deveria comprar.

Quando fui ver me deslumbrei, era um wolks branco, que aparentava ser novo, com volante moderno, bancos ajeitados, e o motor "em cima". Na ocasião nem reparei numas masssas que estavam num canto da carroceria. Marquei o dia de levar a grana e dois dias depois saía da casa com o cara pra deixar o veículo na garagem da casa de maínha.

                                               Ah desgraça!


O próximo passo foi aprender a dirigir. Me indicaram um cara que cobrava pouco e saímos durante quase um mês. Ele pegava o wolks e ia até a Paralela e largava o carro em minha mão para quie eu dirigisse. Rapaz, era o maior sufoco. A Paralela de então não era a mesma de hoje, mas, mesmo assim, passavam por alí muitos automóveis. Eu ficava pensando com meus botões:

-Porque esse cara escolheu a Paralela?

Era um desespero, eu apontava o volante para a frente e ia em linha reta até onde o proferssor mandava parar. O pacote das aulas incluía o treinamento do exame do DETRAN. Aí, uns quinze dias depois, começamos a treinar no próprio local onde o órgão fazia os exames. Se meu professor ajudou alguma coisa foi nisso. Ele sabia o trajeto que os candidatos a motorista seguiam, onde seguiam em reta, as ladeiras que subiam, as ladeiras que deciam, e me ensinou até cuspir enfiar o carro em uma vaga.

                            Olhem aí como fazer na hora do rush!


Foi assim que, quando chegou o grande dia do teste, nem pestanejei, entrando na vaga de primeira. No entanto, sofri com a minha mentalidade contra a ordem ao fazer o teste. É que não sabia que tinha que levar comigo um instrutor do DETRAN.

Pô, o cara não tinha a menor civilidade. Primeiro, entrou no carro sem sequer me dar bom dia, e foi logo mandando arrancar. É certo que seguiu o mesmo intinerário que eu estava useiro e vezeiro de percorrer. Fiz tudo muito bem, inclusive a fatídica "meia embreagem! ao subir uma ladeira. No entanto, já no final, quando eu descia uma ladeira, ao ver que não tinha nenhum carro chegando, não parei, somente sinalizando e virando á direita para prosseguir.

Fiquei puto quando soube que o cara me reprovou. Foi uma sacanagem! Fiz tudo certo, e o cara me reprovou apenas pela teoria. É que SE houvessem carros passando eu teria que parar, acender a seta, esperar, e somente após, continuar dirigindo.Passei vários dias pensando o que é a hipocrisia. Só depois é que compareceria de novo ao DETRAN para marcar novo exame.

                                  Pô, esse aí é derrubado!


Mas desta vez não dei bobeira. Treinei a morrer o trajeto do exame, fui lá até na véspera, ensaiar na fatídica ladeira. Quando chegou a hora não cacei conversa, parando no fim da descida para esperar o carro fantasma que não veio, enquanto acendia a luz, e virava a cabeça para a esquerda para fazer teatro, e cruzar garbosamente o disco de chegada com a aprovação na mão.

Ufa, já era motorista com carteira. Faltava no entanto ser confirmado pelo transito infernal. Voces podem até dizer que naquele tempo era mole, mas não era nada disso não.Tudo bem, só haviam uns 10% dos carros de hoje, mas foi aí que começaram a aparecer os problemas do carro que o mano não tinha visto.

Só pra encurtar a conversa e não chatear voces, em dois anos o meu carro "bateu motor" umas duas vezes e quebrou a caixa de marchas outras duas. Minha distração fez o resto. Nesse tempo bati o carro três vezes. A primeira foi por olhar uma moça de biquini na Barra quando mbati no carro da frente. A batida foi mansa, o problema foi realmente a mulher que viajava no bando da frente e que fez o maior escândalo.

                                             Porque não?


A segunda foi quando subia o Viaduto do Canela, e fiz uma curva muito aberta na ladeira propiciando a que um carro se chocasse violentamente contra meu paralamas esquerdo.Foi o maior "pega-pra-capar". Conferi rapidamente meus estragos percebendo que não foram tantos, apenas alguns amassos. Com o meu oponente, porém, as coisas foram bem diferentes.

O cara desceu do carro, olhou seu estrago(tinha ficado bem mal)e choramingou:

-O que é que vou dizer a meu pai!  

Foi aí que eu, que estava pensando quase o mesmo(só que era em relação a mainha), acordei, percebendo que a situação dele era pior do que a minha. Pra judiar do cara pedí-lhe a carteira, oi que fez com que voltasse para o carro e disparasse ladeira abaixo.

                                  Até um disco voador serve!


A última batida foi na Federação, quando eu, inadvertidamente, tentei fazer uma curva á esquerda numa curva, e o cara me pegou de cheio quase entrando porta adentro.Na oportunidade o cara fez o maior fuzuê, não deixando sequer que eu tirasse o carro para esperar a perícia.

Esta até hoje está vindo, tendo o cara que se conformar com a ida até a casa dos meus pais onde teve umna dura conversa com o velho.É que eu disse que levaria o carro para a minha oficina(e não a dele) e só podia pagar o conserto á prestação. Acho que meu pai acabou aceitando a proposta do cara, senão não sei o que aconteceria.

Dois anos depois, após três batidas, uma quantidade inenarrável de problemas, eis que o carro "morrer" na porta do cemitério mdo Campo Santo na Federação. Justo na hora que eu fui dar uma contramão para ultrapassar um onibus!

                                        Sai da frente!


Tentei ainda fazer o último conserto no carro. Mas quando cheguei á oficina(que ficava numa ladeira do Barbalho) não pude sequer entrar pois os freios faltaram na hora.Foi a gota dagua! Desci ali mesmo a ladeira e fui bater na Ilha do Rato, um reduto tradicional de venda de carros.

Fui chegando e me dirigindo para o primeiro corretor que encontrei:

- Quanto é que voce dá neste carro?

- Sete mil cruzeiros.

-Pode levar.

Foi assim que acabou a era do carro para mim. Passaram-se, desde então, mais de trinta anos, e nunca mais quiz saber desta pérfida invenção do ser humano, o automóvel. No início, quando falava que não tinha carro, era olhado com pena, quase com piedade:

                            Esta está estourando na Europa!

-Não se preocupe, um dia voce vai ter também.

O tempo passou e a indústria do automóvel tornou a vida urbana insuportável. Salvador vai ter ao fim deste ano quase um milhão de automóveis. Não há uma hora do dia e local da cidade onde não haja congestionamentos absurdos. Muitos taxistas deixam de trabalhar entre as 17 e as 20 horas para fugir do rush.

Quanto a mim continua a propaganda contra os carros, conversando particularmente com o pessoal que dirige o meu transporte favorito, o taxi. Mas agora ninguém mais faz cara de pensa, ao contrário, fica admirado com a minha "coragem".  Muitos querendo adotar o mesmo caminho, usar motocicleta, aderir á bicicleta, ou falar mal do metrô que nunca termina.

Acho que a "máquina mortífera" está com os dias contados.